02 de Junho de 2023
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Entretenimento - Colunistas

BAIXAR A TAXA SELIC

*Roberto Kawasaki

O Presidente Lula quer porque quer que a taxa SELIC caia e com ela, as demais taxas de juros que vigoram na Economia Brasileira, também caiam.

Como a taxa SELIC é a taxa básica que norteia todas as demais taxas de juros, haja vista que remunera os títulos de dívida pública, obviamente que a queda dela (SELIC) provocará, ainda que gradualmente, a diminuição das outras taxas de juros, e com isso, imagina o Presidente Lula, pode induzir dois efeitos simultâneos: estímulo ao consumo com ampliação das vendas a prazo, pois teremos juros menores e um fator indutor a elevação dos investimentos privados, tendo em vista que o retorno dos investimentos ficariam competitivos face aos custos de empréstimos (taxa de juros), cada vez menores.

Será que esse raciocínio lógico está correto, poderia perguntar o leitor e leitora ? Em tese sim. Contudo, há problemas nesse processo. Em primeiro lugar, como teríamos um aumento no consumo a curto prazo, e a oferta de bens e serviços ficariam sem condições de serem ampliados do dia para a noite, haveria uma enorme pressão sobre os preços, pois haveria falta de oferta. Ora, oferta maior que a demanda a curto prazo, é inflação cada vez mais alta.

Inflação mais alta, prejudica a quem na sociedade, senão assalariados, aposentados e pensionistas ? Pergunta fundamental a ser feita nesse processo é: a taxa SELIC alta não é para conter a inflação ou a expectativa de inflação elevada a curto prazo ? Em segundo lugar, para conter um quadro político desfavorável com taxas inflacionárias maiores, o governo federal seria levado, a contragosto, a conter o consumo. Como ? Elevando imediatamente a taxa SELIC para diminuir a demanda e o consumo para haver um novo equilíbrio com a oferta, que exige tempo para ser ampliado, e com isso, a inflação seria contida…

Portanto, Presidente Lula, reduzir unilateralmente a taxa SELIC é uma temeridade com grandes probabilidades de fracasso no curto prazo, o que dirá a médio e longo prazos. Assim, o leitor e leitora perguntaria obviamente: o que fazer, então ? Criar todas as condições de normalidade econômica, trazer segurança jurídica na sociedade, controlar o orçamento público, trazer racionalidade econômica, administrar o tempo para que se possa com gradualismo, ampliar a oferta de bens e serviços.

Buscar um ambiente de excelente relação com o Banco Central, para que ele possa ditar uma política monetária mais previsível e tranquilizar investidores nacionais e estrangeiros e a Economia Brasileira como um todo. Conduzir com o Congresso Nacional um processo legislativo que norteie uma pauta segura e competitiva de reformas econômicas que são absolutamente urgentes no Brasil, haja vista que sempre ha que se fazer reformas, pois o mundo muda a todo instante, em grande parte provocado por inovações tecnológicas e científicas mais aceleradas e imprevisíveis.

Perguntar não ofende: Presidente Lula, sua pauta não era de buscar o diálogo e o entendimento com o Congresso Nacional , Supremo Tribunal Federal, sociedade como um todo ? Certamente que isso inclui o Banco Central e o Mercado Financeiro, ou não ?

Roberto Kawasaki
*Roberto Kawasaki é economista pela FEAUSP, Professor dos cursos de Administração, Sistemas de Informação, Arquitetura e Urbanismo, Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Engenharia de Produção da FACCAT e articulista da Folha do Povo e do TupaCity.com
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