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Um estudante de medicina tupãense está vivendo uma das experiências mais marcantes da sua trajetória pessoal e profissional. Gabriel Trindade, de 25 anos, aluno da Uniderp, em Campo Grande (MS), participa como voluntário de uma missão humanitária na Amazônia, onde permanecerá por dez dias prestando atendimento a comunidades ribeirinhas sem acesso regular a serviços de saúde. Hoje, 17 de dezembro, é o sexto dia de trabalho. 

“Eu acompanho o trabalho da UNA Brasil desde que entrei na faculdade. Sempre tive vontade de participar de uma missão como essa e acompanhava tudo o que eles faziam em outros lugares”, conta Gabriel. A instituição, sediada no Rio Grande do Sul, atua também em países como Chile e Gâmbia.

Processo seletivo e preparação

Gabriel explica que a seleção para a Missão Amazônia começou com a abertura de um edital no início do ano. “A gente faz a inscrição contando um pouco da nossa história, da nossa formação, se já teve contato com voluntariado e por que quer participar. Eles recebem inscrições do Brasil todo”, relata.

Após essa etapa, os candidatos passam por entrevistas. “Primeiro foi uma conversa com o diretor da UNA Brasil, mais para ele conhecer a gente. Depois teve uma entrevista com uma psicóloga, que expõe várias situações que podemos enfrentar aqui na Amazônia”, explica. O resultado final saiu algumas semanas depois.

“Eu fui aprovado em abril e, desde então, tinha treinamento praticamente a cada quinze dias, às vezes até mais de uma vez no mesmo período”, diz Gabriel.

Um grupo diverso, de todo o Brasil

A equipe da missão é formada por cerca de 40 voluntários, entre estudantes e profissionais já formados. “Tem gente do Brasil inteiro: Bahia, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Mato Grosso do Sul. É um grupo bem diverso, tanto da área da saúde quanto de outras áreas”, destaca.

Cada participante também ficou responsável por arrecadar doações, como medicamentos, materiais médicos, itens odontológicos, brinquedos e material escolar levados à região.

Viagem até o interior da Amazônia

A missão teve início em Manaus, onde o grupo se encontrou antes de seguir para Manacapuru, às margens do rio Solimões. De lá, os voluntários enfrentaram cerca de cinco horas de barco até a comunidade atendida nesta edição.

“A comunidade onde estamos agora se chama Canabuoca II. São aproximadamente cem famílias e cerca de trezentas pessoas vivendo aqui”, explica Gabriel.

Atendimento onde não existe posto de saúde

Segundo Gabriel, a comunidade não conta com qualquer estrutura de atendimento médico. “Aqui não tem posto de saúde, não tem médico, não tem nada. Então a gente pega a escola da comunidade, que está de férias, e transforma tudo em consultório”, relata.

O espaço foi adaptado para atendimentos médicos, odontológicos, vacinação, testes rápidos e triagem. “Cada sala virou um tipo de atendimento. No primeiro dia, a gente organizou todos os medicamentos que trouxe”, detalha.

Visitas domiciliares pelo rio e pela floresta

Gabriel participou das visitas domiciliares logo no início da missão. “A gente passa o dia inteiro no rio, literalmente cortando o Solimões, parando nas casas flutuantes para fazer atendimento. Tem casa no meio da floresta, em lugares que, para nós, parecem o nada”, afirma.

Ele destaca que o deslocamento até a cidade é inviável para os moradores. “Para eles saírem daqui e irem para a cidade são cerca de sete horas de barco. Por isso, a gente vai até eles.”

Educação em saúde e atividades com as crianças

Além das consultas, a missão inclui ações educativas e sociais. “A gente faz palestras todos os dias. Eu fiquei responsável por falar sobre higiene corporal. Também tem recreação com as crianças, doação de material escolar e visitas para aferir pressão e orientar as famílias”, explica.

"O barco é a nossa casa"

A rotina dos voluntários acontece, em grande parte, dentro do próprio barco. “O barco é a nossa casa nesses dez dias. Todo mundo dorme em rede, come junto, toma banho no rio. A gente vive o ambiente local da forma mais próxima possível”, relata.

Ao falar sobre a missão, Gabriel não esconde a emoção. “Sinceramente, é a melhor experiência da minha vida. É algo totalmente fora da realidade que a gente está acostumado a viver”, afirma.

Ele lembra que o sonho surgiu ainda no início da faculdade. “Quando contei para meus pais, meu pai disse que lembrava de eu falar disso quando entrei na Medicina.”

Para ele, o impacto vai além da prática profissional. “Cada atendimento, cada visita domiciliar, cada criança e cada história de família são diferentes. Às vezes, o que a gente considera pouco, aqui para eles é algo extraordinário”, reflete.

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